“Porque a interiorização do turismo pode ser o novo rumo do RN”
O RN não pode mais se contentar apenas com o turismo de sol e mar. A audiência pública de ontem mostrou que interiorização não é apenas um bordão bonito para discurso político, mas uma necessidade urgente. Se queremos emprego, renda distribuída, fortalecimento de identidade, turismo sustentável, é no interior que mora uma mina de oportunidades.
O Geoparque Seridó, as cavernas, as paisagens da caatinga, os saberes populares – tudo isso pode ser um diferencial forte para o nosso turismo. Mas não basta ter o potencial: é preciso investimento, capacitação, infraestrutura. Não adianta empurrar o turista para as belas cavernas ou para o turismo rural se a estrada é ruim, se não há sinalização, hospedagem decente, se quem vive lá não está preparado ou apoiado para receber.
Mais ainda: a interiorização não é só uma questão de desenvolver destinos turísticos, é de justiça territorial. É distribuir oportunidades, fixar população no interior, valorizar cultura local, promover turismo comunitário. E isso exige ação: políticas públicas consistentes, recursos, parcerias público-privadas sensíveis, e uma nova mentalidade do poder público para ver o interior como ativo, não como problema.
A audiência de ontem demonstrou que há disposição política para isso – com Hermano Morais destacando compromissos e pleitos – mas agora é hora de transformar disposição em projetos concretos. Que os municípios juntem forças, que o Estado faça sua parte, que a sociedade civil participe. Que o turismo no RN cresça, mas não só em Natal ou no litoral: que se expanda, respire, gere vida, no Seridó, no Oeste, nas cavernas, nas serras, nas comunidades que por muito tempo ficaram invisíveis.
No RN, o novo mar da prosperidade pode estar na terra seca, nas cavernas misteriosas, no sertão que espera ser descoberto – desde que se respeite, se invista, se faça com cuidado.